domingo, 1 de abril de 2007

O último Dia da Mentira

Não por rejeitar a objetividade palpável, e mais por buscar racionalizar as emoções, costumo escrever sobre temáticas mais abstratas, e se concretas, de modo bem subjetivo. Todavia, amante de futebol que sou, e apaixonado pelo personagem desse domingo, não pude fugir do assunto. E, para não fugir também do estilo, analiso esse acontecimento sem que ainda tenha ocorrido - se não ocorrer, será uma tragédia do destino.

Quis esse mesmo destino trágico, graças aos seus modos tinhosos, hoje ser 1º de Abril. Poderia ser um dia qualquer, como um 28 de Agosto ou um 17 de março, mas não, hoje é o Dia da Mentira. “E daí? Todo ano tem o Dia da Mentira!”, e eu respondo que esse será o último Dia da Mentira no Brasil! Não que ela deixará de ser celebrada, mas não só a ela renderão louros. No País do Futebol, o Dia da Mentira será, a partir do ano que vem, o dia em que o Rei da Pequena Área fez o seu milésimo gol.

Pois bem, justos e chatos dirão: continuará sendo o Dia da Mentira. Eu concordarei com eles, ora por chatice, ora por justiça. Mas, celebrarei com os noticiários esportivos e com o Jornal Nacional, todos os próximos 1º de Abril, como o dia em que Romário igualou a marca de Pelé. Ok, não há comparações. Disseram-me à vida inteira que nunca existirá um novo Rei tão poderoso como o que houve, capaz de assustar o mais impiedoso zagueiro.

Edson Arantes do Nascimento, quando era Pelé, estabeleceu sua história no Dia da Bandeira, 19 de Novembro de 1969. O destino provou aí a sua ligação com o futebol. Da mesma maneira em que as zebras, as improbabilidades e os resultados injustos são acometidos a ele, ataco-o explicando o fato da marca de ambos os reis terem sido em dias folclóricos para suas pátrias – datas escolhidas a dedo.

Não existe maior símbolo para qualquer nação, senão sua bandeira. Peculiar como só o Brasil consegue, o mesmo sujeito que crê nossa capital ser Buenos Aires, sabe de nós tanto pela bandeira, quanto por Pelé, representante maior – e será assim mesmo depois de sua morte – do Brasil.

Depois de rodear tanto, o assunto mais importante. Se Romário não possui a mesma representatividade internacional, o destino fez por onde, subliminarmente, dar-lhe o dia mais cabível para sua conquista. Se o tempo e a mídia mitológica fizeram com que eu, que não vi Pelé jogar, determiná-lo como o melhor de todos, não duvido que façam uma parceria com o destino. Meus netos, e quem sabe até meus filhos, dirão aos seus que Romário foi o insuperável Rei da Pequena Área, e que nada era impossível para o baixinho, mesmo com cabelos brancos, sem treinar, e sempre envolto na boemia do Rio de Janeiro – farei de tudo para que digam. Preocupa-me apenas, a probabilidade da instituição de Romário ser tão mentirosa quando a antiga celebração do 1º de Abril, já que Pelé é hoje muito mais importante que a nossa própria flâmula.

2 comentários:

ThiBotana disse...

Cara,
o baixinho não meteu o miléssimo, mas putaqueopariu vc ta batendo um bolão aqui...
cada dia que leio uma coisa sua, gosto mais do seu jeito de escrever, desgosto de partes, mas são tão pequenas perto do conjunto.
to com saudades, minha vida ta corrida, mas depois do feriado que tal arrumar um tempo pra tomar uma cerveja com os amigos?? (possivelmente uma pergunta para mim mesmo!!)

beijos

botana

*Paula Fazzio* disse...
Este comentário foi removido pelo autor.