sexta-feira, 20 de abril de 2007

Tá todo mundo louco

(por que não eu?)


32 assassinados pelo louco suicida. São 33, as mortes. Mas todos se esquecem de Cho Seung-hui. Não estou defendo o “vocês tinham cem bilhões de opções e maneiras que teriam evitado o que aconteceu” de Cho. Só que... Será?

Mark Horowitz, psiquiatra americano, mestre da Universidade de San Francisco, Califórnia, defende que “o mais lamentável é que ele buscava ganhar publicidade e conseguiu”. Concordo e discordo. Concordo: sim, ele conseguiu publicidade, não há o que teimar e nem como ser diferente. Discordo: a publicidade do caso se torna necessária, e o debate do tema deve invadir faculdades, escolas, casas, bares e cafundós-do-judas de todo os Estados Unidos e adjacências, SIM. Mas, a publicidade do ALERTA, não da PARANÓIA.

Já está tudo muito doido, e não é preciso salientar essa patologia social de atropelamentos, aniquilações, enxurradas, mazelas e etc (todos esses acontecimentos podem ser lidos no sentido figurado, ou não).

sábado, 14 de abril de 2007

A violência além da violência

Soube da notícia, choquei-me, avisei para alguns, esqueci-me de outros. Tomamos providências e fomos.

No caminho matamos saudades. Poucas vezes estaremos todos juntos novamente, datas como aquela eram uma grata raridade – gratificante por ser raro o motivo, raro por ocorrer o gratificante encontro. Os quatro botavam o papo em dia enquanto eu refletia sobre o que nos unira naquele momento, e me surpreendia ao reconhecer a cidade então desconhecida, que sinceramente eu pensava mal. Fama de mundo-cão bem mal traçada na capital que não limpa a própria bunda e fala do fedor alheio.

Ficaram do lado de fora do Hospital, fomos eu e mais um ao encontro dele. Não fugia da minha meta tentar devolver um pouquinho do seu universo desabado. Mas fugiu. Toda a dor pelo sofrimento de meu amigo escondeu-se ao atravessar aquele portão “só para funcionários autorizados”.

Corredores abarrotados de gente morrendo, com alguns sortudos que ainda possuíam macas. Quem precisava estar deitado, estava sentado. Quem precisava estar sentado, de pé. Supus o óbvio: ter uma maca naquele inferno condizia com a sorte de no dia seguinte bater na porta do céu. Sabe daquelas cenas de filmes americanos, de desastres, furacões, "Enchente - Quem salvará nosso filhos?", em que há de fato um motivo para a aglomeração de mortos vivos? Mas, não era cinema...

Saí do cine-trash e voltei para o mundo real ao entrar em uma sala, falar com sua família e sua mãe. Deve ser foda perder o marido ou a esposa. Imagino então o pai ou a mãe. Tornei a sofrer por ele.

Finalmente, cerca de meia hora após esperá-lo no estacionamento – ele estava tratando das burocracias da ocasião –, abracei-o juntamente aos nossos camaradas.

São três coisas machucando desde essa noite, umas daquelas tristes que a vida de cada um oferece: o sofrimento de meu amigo, a violência submetida aos enfermos no Hospital Antônio Giglio, e o outdoor avistado, no episódio do reconhecimento da cidade então desconhecida, que dizia mais ou menos assim: “SUPER-AVENIDA: Dep. João Paulo Cunha (PT-SP) consegue 1 milhão de reais para a construção, em Osasco”.

Prioridades políticas, violentas prioridades políticas...

Declarações de amor

Todas as declarações de amor
Se tornam baratas com o passar do tempo
E mesmo que todo tempo seja
Cada vez mais
Mérito e busca de todo sentimento mágico
O ineditismo das palavras parece se fantasiar de palavras iguais
Todas as já repetidas ou nunca pronunciadas
Caem no marasmo da lengalenga apaixonada

No meu amor pretensioso, eu sou as declarações

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Devaneio teológico em ressaca pascal

Já de antemão, adianto ao leitor mais preocupado com embasamento teórico, para não continuar a fatigar sua vista, pois talvez não passem de asneiras. Utilizo ainda a dúvida para vetar a profundidade desse meu texto e considerá-lo totalmente uma grande besteira, já que nessa realidade de explicações elas próprias não demonstram nitidamente as suas. Logo, se for patacoada será apenas mais uma, em séculos de coleções de ilusão mitológica de uma humanidade conformada com a fé.

Vamos logo as minhas confabulações pseudoteológicas:

Toda a minha escolaridade foi em uma escola católica. Sou parte de uma família religiosa, e se não são fervorosos, são os famosos católicos não praticantes. Superficialmente, conheço a Bíblia, especialmente o Novo Testamento dos quatro apóstolos mais famosos – não me pergunte os nomes! –, mais trabalhado pela congregação Marcelina na qual estudei. Considero-me cristão e - parafraseando um sábio amigo - de uma religião tão minha, mas tão minha, que se eu encontrar um novo adepto, eu saio fora. “Não há Deus senão o Homem” (A. Crowley).

Creio em Jesus Cristo, apesar de na Santíssima Trindade ser mais afeiçoado com o Espírito Santo – o que não vem ao caso detalhar. A figura do messias me causa fascínio, tanto pela história criada em torno dele - uma fábula belíssima sobre o triunfo do bem -, ou pelo sujeito revolucionário e pacifista que foi: libertário, moderno em seu contexto histórico, um visionário.

Os ideais do pretensioso Mundo Ocidental e os de Cristo coexistem. Daí eu penso, em um devaneio kardecista: não seria o nosso Salvador uma das reencarnações, de tantos os profetas enviados pelo próprio Deus para guiar as civilizações no caminho do bem? Buda, Maomé, Moisés e Jesus, dentre outros menos difundidos, não seriam as várias formas tomadas pelo enviado, cada um adequado à determinada cultura ou costumes?

Quem sabe explique essa temática inusitada, a abstinência de um filho nas mãos de uma mãe com repentes religiosos, abolindo por quase uma semana um vício desse que vos escreve: CARNE. Ainda em tempo: desde pequeno não entendo o motivo de celebrarmos a carne Dele com pão! Mas é idiotice só, já que não bebemos sangue. Pelo menos de modo literal, não temos o hábito.

Fica a pergunta, procurando algum outro para responder ou perguntar em parceria.

Ps: Agradeço a Deus ter o que comer, mas para o meu desconsolo, o almoço de hoje foi o resto de ontem: PEIXE.

Como Ícaro e a Formiguinha das Fábulas

Voei sem pensar em nada
Nem me vi planando
Tão seguro que estava

Das coisas boas eu só levei
Aquelas que me presenteou
O resto só eu sei onde escondi

Fiz uma dispensa para quando a hora chegar
Eu ter ao que me apegar
Contei escassos horrores e alegrias infindáveis
Pr’eu sempre ter um problema novo

Quando passamos de especiais
Apenas arrependidos do que não foi
Nos arrependemos duas vezes:
Por nós e pela consciência incansável

domingo, 1 de abril de 2007

O último Dia da Mentira

Não por rejeitar a objetividade palpável, e mais por buscar racionalizar as emoções, costumo escrever sobre temáticas mais abstratas, e se concretas, de modo bem subjetivo. Todavia, amante de futebol que sou, e apaixonado pelo personagem desse domingo, não pude fugir do assunto. E, para não fugir também do estilo, analiso esse acontecimento sem que ainda tenha ocorrido - se não ocorrer, será uma tragédia do destino.

Quis esse mesmo destino trágico, graças aos seus modos tinhosos, hoje ser 1º de Abril. Poderia ser um dia qualquer, como um 28 de Agosto ou um 17 de março, mas não, hoje é o Dia da Mentira. “E daí? Todo ano tem o Dia da Mentira!”, e eu respondo que esse será o último Dia da Mentira no Brasil! Não que ela deixará de ser celebrada, mas não só a ela renderão louros. No País do Futebol, o Dia da Mentira será, a partir do ano que vem, o dia em que o Rei da Pequena Área fez o seu milésimo gol.

Pois bem, justos e chatos dirão: continuará sendo o Dia da Mentira. Eu concordarei com eles, ora por chatice, ora por justiça. Mas, celebrarei com os noticiários esportivos e com o Jornal Nacional, todos os próximos 1º de Abril, como o dia em que Romário igualou a marca de Pelé. Ok, não há comparações. Disseram-me à vida inteira que nunca existirá um novo Rei tão poderoso como o que houve, capaz de assustar o mais impiedoso zagueiro.

Edson Arantes do Nascimento, quando era Pelé, estabeleceu sua história no Dia da Bandeira, 19 de Novembro de 1969. O destino provou aí a sua ligação com o futebol. Da mesma maneira em que as zebras, as improbabilidades e os resultados injustos são acometidos a ele, ataco-o explicando o fato da marca de ambos os reis terem sido em dias folclóricos para suas pátrias – datas escolhidas a dedo.

Não existe maior símbolo para qualquer nação, senão sua bandeira. Peculiar como só o Brasil consegue, o mesmo sujeito que crê nossa capital ser Buenos Aires, sabe de nós tanto pela bandeira, quanto por Pelé, representante maior – e será assim mesmo depois de sua morte – do Brasil.

Depois de rodear tanto, o assunto mais importante. Se Romário não possui a mesma representatividade internacional, o destino fez por onde, subliminarmente, dar-lhe o dia mais cabível para sua conquista. Se o tempo e a mídia mitológica fizeram com que eu, que não vi Pelé jogar, determiná-lo como o melhor de todos, não duvido que façam uma parceria com o destino. Meus netos, e quem sabe até meus filhos, dirão aos seus que Romário foi o insuperável Rei da Pequena Área, e que nada era impossível para o baixinho, mesmo com cabelos brancos, sem treinar, e sempre envolto na boemia do Rio de Janeiro – farei de tudo para que digam. Preocupa-me apenas, a probabilidade da instituição de Romário ser tão mentirosa quando a antiga celebração do 1º de Abril, já que Pelé é hoje muito mais importante que a nossa própria flâmula.

Palavras por nada

Quem nunca atirou a pedra,
Buscou na mosca,
E acertou o asno que é?

Pode ser a ligeireza da mosca
Pode ser a mira fálica do asno
Podem ser essas palavras tortas, feito pedra
Ligeiras, feito mosca

Asneiras, como tu e essas palavras que não chegam a lugar nenhum