sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Plataforma 8

- Oi, tudo bem?
- Vai de ônibus ou de trem?
- Eu vou de cabeça e pensamento
Não paga passagem
E vai mais longe e mais rápido
Que avião!

Vem comigo, meu amigo
De gravata, bermuda ou chinelo
Só de meia e mente inteira
De sonho e de paixão

- Eu acho que vou de avião
Ou na primeira classe da lotação
De frango, farinha e vitrola
De fraque, sapato e cartola
De gala, de leve e de frente
De mente eu vou como eu quiser
Serei patrão e serei mulher
Serei tudo aquilo que eu não puder
Eu posso

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Massa cinzenta

Muitas vezes, parece que instantes são eras.
Instalações precisas da vida inteira, em um
Segundo.
Sobra o resto da existência para pensar no segundo que passou

E o mundo continua o mundo
Bilhões de sapatos comendo suas solas
E fazendo a roda girar 24 horas
Nas escolas, nas fábricas
Massas cinzentas
E eu continuo preso naquele segundo

Afora meus sentimentos
Resta apenas o
Nada

domingo, 19 de agosto de 2007

Às viúvas de Josué

No Blag do Mauro (Beting), li a coisa mais sensata dita nessa semana sobre a saída do valente (e volante) Josué, do meu glorioso São Paulo Futebol Clube, para o acanhado Wolfsburg da Alemanha - texto escrito por Dassler Marques, do Trivela.com.

Não sei se é, e acredito que não seja mesmo, o melhor da última safra de jogadores brasileiros do tipo exportação. Mas, sem medo de falar bobagem, é uns dos que atravessa melhor fase e aquele que por mais tempo mantém essa regularidade absurda. E não falo só de sua meteórica e vitoriosa estadia em palcos tricolores, mas, inclusive, desde de sua participação anterior em um dos bons times que o Goias, dignamente como sempre, apresentou nas edições do Brasileirão.

Apesar disso, não fará TANTA falta o clube do Morumbi.

Deixará, SIM, muita saudade. Bem como Diego Lugano, Mineiro e (pasmem) Danilo. Porém, vale lembrar que foi exatamente quando o Josué foi para a Venezuela brilhar com a Seleção que o São Paulo se reestabeleceu no campeonato nacional, com os eficientes Hernanes e Richarlyson. E o clube ainda conta com o candidato a craque Fernando, de 19 anos. Assim como quando a equipe encontrou - não discutindo a qualidade, ou falta dela - substitutos para seus outros debandados.

Por acaso, o texto se chama "E agora, Josué?", em alusão ao "E agora, José?", do genial Drummond. E igualmente por acaso, nesse mesmo dia em que li o comentário de Dassler no Blag do Mauro, a TV Cultura transmitiu um documentário sobre textos que C.D.A. divinamente compôs, debruçado na divina arte brasileira de jogar futebol.

Os poemas falavam de Pelé, Rivellino, Carlos Alberto Torres, Tostão e companhia. Nunca os vi jogar, mas confesso que curiosamente senti muito mais saudades deles do que do bravo e talentoso Josué.

Blag do Mauro: http://www.lancenet.com.br/blogs_colunistas/mauro/default.asp

Otite

A única coisa de que posso dizer
Dentre tantas mil que desejo te urrar até continuar
Surda
É desse enorme vão que nos une

Queria teus tímpanos tão sensíveis quanto teu miocárdio
Porém mais certos das mentiras e das verdades
Livres de toda a confusão
Já que não são coração

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Canção da eternidade

Sempre que você passar do meu lado
Eu vou te perceber
Mesmo que você atravesse a rua
Princesa, eu vou te perceber
Resistirei ao tempo, ao amor próprio e a desistência
Eu vou te perseguir

Hei de ousar até te decorar
Ainda que não esteja ali
Você vai entender o que falam do amor
E amará meu filho mais que a mim
Rezaremos de colos colados, princesa
Amor ao filho que há de vir

sábado, 11 de agosto de 2007

Caminha

De menino ele adorava a caminha
Pulava, brincava, rodava e dormia
Plantava seus sonhos de menininho

De bola, de pião, de carrinho
Tudo que rodasse era mundo

Agora ele apenas caminha
Qualquer cama é lugar de
Pular, brincar, rodar e dormir
De plantar sonhos alheios

domingo, 5 de agosto de 2007

Pingue-pongue

Uma bola de pingue-pongue elétrica
Perereca numa bola maior.
Nada a faz parar

Vibra
Muito mais do que o próprio
Vibrar
De minha língua no céu da boca
Pronunciando o pronunciado vibratório da palavra
Vibrar

Tão rápida e frenética
Torna-se invisível e abstrata
Mas nós sabemos do que se trata
E que não é invisível.
Esfera introspectiva
Para que nossas línguas continuem
Vibrando